Portuguese Short

No conto "O mártir Jesus", o narrador retrata o desalento de Crispiniano diante da necessidade de atender aos diferentes anseios da família no Carnaval, num cenário que percorre várias ruas da São Paulo da década de 1920. Já em "O aventureiro Ulisses", a dicotomia campo/cidade, Sorocaba/São Paulo, é personificada no fugitivo Ulisses.

Conto de matiz realista, "Curiosa..." (assim, com reticências) faz um recorte em um dia especial na vida de "Cocota", mulher do aborrecido Bernardo, em que ela recebe uma carta apaixonada do antigo namorado Braga, que deseja reencontrá-la... e recebe também a visita inconveniente das Travassos – mãe e duas filhas. Carta e visita intermediadas pela suspeita criada Brígida.

O que em princípio pode soar como uma história para crianças, se revela, ao melhor estilo de Fialho, uma crítica à alta sociedade portuguesa do século XIX, tema recorrente em sua obra. Mas "para crianças"? Sim! Os patifes são dois gatos. Mimados e inconsequentes. E protegidos e impunes. Uma metáfora brilhantemente explorada pelo autor.

Cortes bruscos nas narrativas indicam: está-se diante do Modernismo nesses contos de Alcântara Machado! Em "O ingênuo Dagoberto", o protagonista é vítima de uma trapaça e lida com a fúria da esposa. Já em "A apaixonada Elena", a jovem sofre com a indiferença da família, que prejudica seus planos. Ambos os textos vêm do livro "Laranja-da-China".

A tragédia e as torres das igrejas são os traços a unir esses dois contos de Raul Pompeia. Em "A cruz da matriz", o personagem Brício vive o conflito entre as condições de sacristão e amante da natureza. Já em "A andorinha da torre", a menina Rita adorava ouvir os sinos bem cuidados pelo avô, mas o Dia de Aleluia chega com más notícias.

"O espião alemão", de Monteiro Lobato, é daqueles contos cujo enredo surpreende e a sinopse não pode falar muito, para evita spoiler. Na cidade de Itaoca, os cidadãos se agrupam numa espécie de exército para encarar a Primeira Guerra Mundial. Pompa e cerimônia de quartel regadas pela ironia do narrador. Então um homem estrangeiro surge na cidade.

Intrigante e surpreendente, "A barricada" destaca-se no conjunto da obra de Pedro Rabelo. Por enredo, encontramos moribundo o sovina Dr. Malveiros, que esconde até o último minuto sua fortuna, enquanto sua pobre irmã Adelaide é incentivada pela vizinha Dona Lúcia a desvendar os segredos do irmão.

Nesse conto de Florbela Espanca, oriundo do livro "As máscaras do destino", ouve-se o eco do ocultismo, do espiritismo, do interesse por temas como estes que se vivenciava no final do século XIX. A evocação do personagem Mário de Meneses destaca-se no enredo e exemplifica essa ambientação.

Dois contos de Júlia Lopes de Almeida que tem a morte em seus umbrais. No primeiro, "Sob as estrelas", tem-se a trágica história de amor de Júlio e Ianinha, separados pelo sacerdócio dele. Thriller de arrepiar os mais sensíveis. No segundo, "A casa dos mortos", uma filha tem a chance de encontrar a mãe... morta.

Dois retratos distintos da sociedade paulistana do início do século XX – assim são esses dois contos do genial Alcântara Machado, do livro "Brás, Bexiga e Barra Funda". No texto futebolístico, a centenária disputa entre os dois times é vista pelos olhos de uma moça, Miquelina. No segundo, o menino Gennarinho fica órfão na fazenda e vai para São Paulo, onde seu futuro é decidido.

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Esse conto de Eça de Queiroz se passa no tempo de São Francisco de Assis e narra uma passagem, na Itália, da vida de um frade bondoso chamado Frei Genebro. Naquela altura, sua generosidade já notória, e nela se concentra o enredo, que começa com a visita do religioso ao Irmão Egídio, eremita que morava nas montanhas.

Diante da possibilidade de uma guerra entre Inglaterra e Brasil, o povo brasileiro subiu seu nível de patriotismo. Em Óbidos, Pará, um juiz e um coronel são encarregados de angariar fundos para contribuir com o armamento do Brasil e logo conseguem a considerável soma de nove contos de réis. Mas faltava conversar com o capitão Silvestre.

O Conselheiro protagonista deste conto de Júlia Lopes de Almeida é um notório contador de histórias. Uma delas, a do advogado Dr. Lemos, amigo do Conselheiro, e seu filho Isidoro, compõe o endereço desse conto que tem a marca do do trágico, tão peculiar da autora. O pai, viúvo, aposta tudo na educação do filho, que acaba por se tornar um fora da lei.

No melhor espírito do Naturalismo em Portugal, Fialho de Almeida, contemporâneo de Eça de Queiroz, faz uma crítica ferina à alta sociedade portuguesa do século XIX, nesse conto que expõe sem filtros o comportamento da aristocracia e da burguesia daquele tempo, tendo por protagonista a jovem condessa Beatrice.

O narrador e o Homem dos Sonhos têm um diálogo singular que instiga o leitor a questionar o que é a realidade, num contraponto com o sonho. Neste conto escrito pelo português Mário de Sá-Carneiro em 1913, a exploração psicológica do personagem mítico influencia o enredo, que surpreende pela força e imprevisibilidade.

Este e-book reúne dois grandes contos curtos de Machado de Assis. Primeiro, "A carteira". Gustavo e Honório são os dois personagens centrais deste conto. Diante da necessidade de um valor considerável para quitar suas dívidas, Honório topa com uma oportunidade: acha uma carteira que traz mais do que ele precisava. No entanto, enfrenta um dilema: usa o dinheiro? Devolve a carteira ao dono – que é justamente o amigo Gustavo? A ler! O bom mote do triângulo amoroso é o centro de A cartomante, o segundo conto. Nele, o conceituado advogado Vilela reencontra Camilo, amigo de infância.

Uma família celebra o Natal meses antes por conta de o pai ter falecido num 25 de dezembro. Crescido, seu filho decide acabar com essa extravagância, exigindo que um peru seja preparado no dia de Natal. Toda a família vê com apreensão e curiosidade sua proposta, já que o tem como louco, mas, simultaneamente, apreciam libertar-se da obrigação do luto.

No conto "O Romance do Chupim", de Monteiro Lobato, uma análise das relações de gênero ganha a atenção. Eduardinho Tavares é o protagonista e serve de pivô para a discussão (misoginia entre seus tópicos), subjacente ao enredo que vai sendo desenrolado pelo narrador, que recupera as lembranças que tem do rapaz e de sua tia Zenóbia.

Numa exceção romântica na obra de Sá-Carneiro, "O fixador de instantes" traz um artista enlouquecido que, em meio a uma confissão, busca desesperado a forma de fixar os melhores instantes da vida – dentre eles, naturalmente, uma paixão. No entanto, é a presença da morte que lhe serve de base.