PÚBLICO Brasil

Written by: PÚBLICO Brasil
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  • O podcast do PÚBLICO Brasil é um encontro de talentos, informação, dicas e debates sobre a real dos brasileiros em Portugal.

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Episodes
  • "Além de boa comida, temos axé, que significa saúde", diz Carol do Acarajé
    Sep 30 2024
    A baiana do acarajé, Carolina Brito, mora em Portugal há 21 anos. A aventura da vinda para Portugal começa na praça central do bairro de Itapuã em Salvador da Bahia, onde até hoje se encontram as baianas do acarajé. Carol trabalhava na banca da mãe quando um casal de portugueses em férias na Bahia passou a ir todos os dias comer no local. Certo dia, perguntaram à mãe da jovem se poderiam levá-la para Portugal. Foi um convite que mudou a vida dela. Hoje, com dois restaurantes em Lisboa, está se preparando para abrir um no Porto. Nascida e criada em Salvador, a ancestralidade de Carol está ligada a mítica Lagoa do Abaeté, de água escura e cercada de areia branca, imortalizada por Caetano Veloso na música It’s a Long Way. “Esse pedaço da música me lembra muito da minha infância. Sou neta de ganhadeiras de Itapuã, lavadeiras que eram pagas para fazer esse serviço. Minha mãe lavava roupa, minha avó lavava roupa, minha bisavó, também. Todas lavavam roupas ali na lagoa do Abaeté. Há muito mistério naquela lagoa. Ali tem muito choro e resiliência e muita superação também”, recorda. Mais nova de 14 filhos, Carol ajudava a mãe no tabuleiro de acarajé, enquanto o pai tinha uma barraca na beira do mar. Os empresários portugueses, Cristiane dos Santos e Nelson Almeida, se encantaram com aquela menina. “Eles ficaram uma semana inteira indo na banca. No dia da minha folga, por acaso, foram lá e falaram com a minha mãe que queriam me levar para Portugal. A minha mãe se assustou e me perguntou se eu queria. Era um convite para trabalhar no restaurante Mineirão, no Cais de Gaia no Porto”, conta. A simpatia do casal fez com que Carol aceitasse o convite para cruzar o Atlântico e aportar em terras portuguesas. “Nós falamos de destino, não é? Eu acho que foi mais assim no calor da coisa. Minha mãe argumentou se era muito longe e ressaltou que eu não conhecia ninguém em Portugal. Respondi que tinha gostado deles. Que iria e, se não desce certo, depois de três meses, voltaria para a Bahia. Já se vão 21 anos”, afirma. Hoje, além dos muitos amigos que fez em Portugal, Carol conta com parte da família está vivendo em terras lusitanas e com visitas regulares da mãe, que por acaso, está neste momento em Portugal. “Aqui já tenho irmãos, primos, sobrinhos e uma filha. Acabei construindo minha vida aqui. A minha mãe está nesses dias, como a gente diz, passando uma chuvinha com a gente. Ela não quer ficar permanentemente aqui por causa do frio”, comenta. “Sempre digo para ela vir para ver se estou fazendo tudo direitinho. Ela me responde: Carolina, você me conhece. Então, ela verifica tudo, experimenta, vê a textura e já faz algumas coisas no restaurante. Aos 71 anos, ela me diz para deixá-la trabalhar. Já entendi que ela não sossega. Se sossegar, ela não está vivendo”, diz. Carol fala que o tabuleiro da baiana tem muito a oferecer. Principalmente a alegria de viver. Quando cumprimenta alguém e fala axé, está desejando tudo de bom para essa pessoa. “Se temos saúde, temos axé. Em cada abraço, cada beijo, que damos, falamos axé. É uma forma de desejar tudo de bom. Saúde, prosperidade, felicidades na vida, que é muito importante. Além disso, tenho um bom acarajé para oferecer. O projeto Acarajé da Carol é uma experiência gastronômica” explica. Para a baiana, muitas pessoas vão aos seus restaurantes para matar a saudade de casa. Casa no sentido de aconchego. A proposta do seu projeto é fazer com que as pessoas que são do Brasil e que estão em Portugal e outras que não conhecem lá se sintam bem. O seu compromisso primordial é oferecer um bom acarajé. "O acarajé, ou você ama ou você odeia” sentencia. “Não é fácil chegar matéria-prima aqui. O camarão seco, por exemplo. O fundamental é ter um bom feijão fradinho. Lavar o feijão, preparar a massa e bater muito para ficar bem aerada e mergulhar na frigideira com o dendê quente. Aí se percebe que é um acarajé cinco estrelas”. Óleo de Dendê No início Carol usava o óleo de dendê vindo do Brasil. Mas explica que há uma escassez do produto na Bahia, devido a uma crise de produção no estado. “Acho que hoje a Bahia produz pouco dendê. Se não estou enganada, o maior produtor de dendê é o Pará. Isso aumentou muito o preço do produto no Brasil. Em Portugal, depois de experimentar o dendê de Angola, de Moçambique, encontrei um da Guiné-Bissau, que tem um cheiro maravilhoso, um feitiço puro”, afirma. Em 2008 Carolina se deslocou para Lisboa a convite do então embaixador do Brasil, Celso Souza, para fazer acarajé na festa de Sete de Setembro na Embaixada do Brasil. Como vivia no Porto e existe uma disputa entre as duas cidades, achou que não ia gostar de Lisboa. Chegando na capital portuguesa, recebeu um convite para trabalhar em um restaurante, e foi ficando. Para não deixar os amigos do Porto na mão, ...
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    29 mins
  • "Fazer drinques é o meu mundo", diz a bartender Flavi Andrade. Ela dá dicas
    Sep 25 2024

    A brasileira Flavi Andrade, 45 anos, nascida em Brasília, mudou-se para a Europa em 2008 com uma missão bem definida: fazer doutorado em jornalismo, em Sevilha, Espanha. Mas os altos custos do curso e as despesas do dia a dia foram, aos poucos, a empurrando para outro caminho, que, para ela, era apenas um modo de sobrevivência: o de bartender. “Me ajudou muito a bancar minhas despesas”, diz.

    O tempo passou e o que surgiu como um bico, um complemento de renda, transformou-se em paixão. “Realmente, me encontrei”, relata Flavi. “A cada dia, percebia que era exatamente o que eu queria da vida”, complementa a brasiliense, dona de uma técnica particular para o preparo de drinques.

    A fama daquela jovem, espalhada no boca a boca, acabou lhe rendendo, há 11 anos, um emprego como bartender em um restaurante no Algarve. Flavi sabia que o percurso traçado até ali, que muitos acreditam ser território puramente masculino, acabaria desaguando em Lisboa, o que não demorou muito para acontecer. Um convite do Rossio Gastrobar, que estava sendo montado, foi arrebatador. “Disse sim, e pronto”, conta.

    Flavi e o marido, Guilherme, também especialista na arte de preparar coqueteis, fizeram as malas e aportaram na capital portuguesa. Desde então, no comando do bar do Rossio, o que é um feito, ela não para de colecionar prêmios. “O fato de ser mulher não foi um desafio para me tornar bartender, o que me motivou foi dar o meu melhor dentro dessa profissão”, afirma. "Nunca colocar a questão de gênero à frente, mas, sim, a capacidade de fazer o melhor dentro da profissão", acrescenta.

    O primeiro grande prêmio conquistado por Flavi foi em 2015, eleita a melhor bartender de Portugal. No ano passado, levou o prêmio de Melhor Bar de Hotel e o Top Cocktail Bar, na Espanha, segundo o Lisbon Bar Show. No início deste ano, o Rossio Gastrobar conquistou o prêmio de Melhor Bar de Restaurante de Portugal, concedido pelo Mesa Marcada, um dos mais conceituados no ramo da gastronomia. Mais recentemente, Flavi foi escolhida a melhor barmaid do país europeu, concedido pelo Lisbon Bar Show 2024.

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    28 mins
  • "A comida de boteco é a minha inspiração", diz o chef Alexandre Saboya
    Sep 23 2024

    O chef Alexandre Saboya, há seis anos em Portugal, é dono do Restaurante Soul Carioca, em São Pedro do Estoril, área nobre na região metropolitana de Lisboa. A casa tem como objetivo fazer valer a culinária brasileira da forma mais próxima da que se vê no Brasil. O carro-chefe do cardápio é a feijoada. Quando o restaurante foi inaugurado, o prato era servido apenas aos domingos, mas a constante procura pelos clientes por esse clássico fez com que Saboya o incluísse no menu todos os dias da semana.

    “Depois da pandemia, as pessoas passaram a ligar diariamente no restaurante perguntando se tinha feijoada. Percebi, então, que deveríamos oferecer esse prato todos os dias, tanto no almoço quanto no jantar. A feijoada é um sucesso de vendas”, comemora.

    Um dos segredos para se fazer uma boa culinária de outro país é encontrar os ingredientes certos, com qualidade para todas as receitas. O chef explica que o começo em Portugal foi um pouco complicado. “Cheguei a preparar a minha carne seca. Comprava a peça de carne, salgava, deixava na geladeira, fazia a troca da salga e, depois, fazia o inverso, tirava o sal para, finalmente, fazer o preparo dos pratos", relata.

    Ele conta que, com o tempo, começaram a surgir, em território luso, alguns lugares com produtos brasileiros. "Isso nos ajudou muito. Já o torresmo, por exemplo, nós encontramos fácil em Portugal. Aliás, a carne de porco portuguesa é excelente. Com isso conseguimos fazer muito bem as receitas brasileiras no nosso restaurante”, assinala.

    Além da feijoada, o cardápio conta com a diversidade da culinária. E, no caso do Soul Carioca, o passado de Saboya pesa muito, devido à influência que sofreu da cozinha italiana, tão presente no dia a dia de todos os brasileiros.

    “Temos filé a parmegiana, que comemos muito no Brasil. Outro prato com influência italiana que sempre servimos, mas no inverno, é a rabada com polenta. É brasileira, mas também é italiana", diz. "Como tenho formação da culinária italiana, consigo colocar muito dessa cozinha no nosso cardápio”, reforça.

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