Olá, olá!
Como é que estão?
Hoje venho falar-vos de amor incondicional.
Um amor incondicional é algo que é muito difícil entre duas pessoas.
Porque vêm críticas, vêm julgamentos e um amor incondicional implica a partilha de algo que fizemos menos bonito, ao mesmo tempo que implica a partilha daquilo que nós gostamos, termos o à vontade com o outro para partilhar, para dizer, para ser quem somos.
Este amor incondicional muitas vezes temo-lo com os nossos animais de estimação.
Os nossos animais de estimação gostam de nós. Gostam de nós, independentemente daquilo que possamos fazer, daquilo que possamos ter dito, do nosso estado de espírito.
Chegamos a casa e eles encantam-se pela nossa chegada.
Eles sabem perfeitamente porque sentem quando nós vamos sair e por alguma razão os vamos deixar sozinhos em casa. Eles sabem muito bem, e apesar disso, eles gostam de nós. Apesar disso, quando chegamos a casa, eles lá fazem, seja o abanar do rabo de um cão, o gato vem até nós e roça-se.
Há qualquer coisa naquele animal, naquele bicho que nos vem dizer, eu amo-te. Obrigada por estares em casa.
Isto cria um relacionamento que nós dificilmente temos com o outro ser humano.
E é por isso que, se acontece qualquer coisa ao animal, a esse animal de estimação que nos ama incondicionalmente, nós ficamos de coração desfeito.
E se ele morre, há um vazio que é criado que é tanto ou maior do que o vazio de alguém que nos é chegado que parte.
O relacionamento que nós temos com esse animal é de tal maneira profundo que nós precisamos de fazer o luto como se de uma pessoa se tratasse. Porque, na realidade, com esse animal nós trocamos algo íntimo que é nosso que nós temos medo de falar, que nós temos medo de exprimir. Nós, com o animal, nós falamos. Com o animal, nós sabemos que não há crítica, não há julgamento e isso permite haver uma intimidade no relacionamento com o animal que só é possível no amor incondicional.
Quando o nosso animal morre, sim, estamos desfeitos.
Sim, temos que ter um tempo para nós. Temos que ter um tempo de desapego daquele ser.
É muitas vezes necessário colocarmos uma imagem, uma fotografia do animal juntamente com a fotografia de pessoas que nos são chegadas e que partiram.
Porquê?
Porque ele está, emocionalmente, ao mesmo nível deles.
E muitas vezes esse amor incondicional, esse relacionamento profundo que se criou com o animal, era até emocionalmente superior ao que foi criado com as outras pessoas.
Por isso, se é o caso, não tenham vergonha. Façam o luto tal como fazem da pessoa que vos é mais chegada. Porque, em termos emocionais, ele está a esse nível. Não tenham vergonha de o fazer.
Há que nos amarmos a nós próprios o suficiente para reconhecer a dor na perca desse animal, da necessidade de chorarmos, da necessidade de fazermos aquilo que normalmente chamamos de luto.
Não é ridículo, não é de todo ridículo.
É uma honra. Há que honrar essa amizade. Há que honrar esse amor. E o luto é honrar o outro, seja ele um animal ou não.
Bom episódio!
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