Portuguese Classics

"O americano sabe que há no seu país uma opinião pública, desde que cada americano tem uma opinião sua." Extraída do livro "Minha formação", a crônica "Traços americanos", de Joaquim Nabuco, traz para o leitor de hoje vislumbres tanto do pensamento do célebre abolicionista quanto de sua autobiografia.

Em meio ao "trágico horror que a miséria tece na sombra da noite por essa misteriosa cidade" do Rio de Janeiro é que se ambienta este extraordinário conto "Sono calmo", de João do Rio. Flanando com o narrador pelas ruas ruas adormecidas, o leitor pode se sentir num filme "noir" – até porque seu enredo implica acompanhar um delegado nas rondas noturnas, dando um tom policial à narrativa, tão caro a essa modalidade de literatura.

Esta obra reúne três contos notáveis de Lima Barreto. Nelas, o leitor encontra recortes da vida cotidiana de personagens que transbordam realidade, dentro do melhor traço do Autor. A crítica social é o pano de fundo, mas destaca-se a singular reflexão sobre...o feio! São estes os contos: "Esta minha letra...", "Apologética do feio: bilhete à baronesa de Melrosado" e "A nova classe de cirurgiões".

Uma máquina do tempo: o leitor desta obra, que reúne três deliciosas crônicas de João do Rio, é nela transportado para a cidade do Rio de Janeiro na virada do século XIX para o século XX. E mais do que isso, tem sua visão aguçada para observar cenários e personagens das ruas de nossos dias com outros olhos. São as seguintes as duas crônicas aqui reunidas: "Tabuletas" e "Músicos ambulantes".

"Os presepes, como as telas do Renascimento, são as reconstituições religiosas com a cor local contemporânea. Os psicólogos podem psicologar num reisado a alma nacional e a intensidade da crença." É assim com graça e estilo que João do Rio une o universal ao local nessa deliciosa crônica sobre os presépios e seus significados diversos.

A pouco conhecida prosa poética de Raul Pompeia surpreende positivamente pela qualidade de seus textos. "Vibrações" reúne as seguintes prosas poéticas em torno das cores: "Verde, esperança", "Amarelo, desespero", "Azul, ciúme", "Roxo, tristeza", "Vermelho, guerra", "Branco, paz", "Negro, morte" e "Rosa, amor". "Amar", por sua vez, apresenta quatro textos, cada um deles intitulado por uma estação do ano.

"Falavam uma língua imprevista e curiosa, cuspinhando; e olhando as pobres coitadas, não sabia eu bem se falava a mulheres velhas ou a mulheres novas, de tal forma aquelas faces e aqueles corpos estavam arruinados." A crueza da narrativa de João do Rio não poderia retratar melhor a realidade da detenção feminina no Rio de Janeiro da virada do século XIX para o século XX. O narrador presente circula pelo "locus" do enredo, tornando ainda mais vívida ao leitor essa experiência.

A pouco conhecida prosa poética de Raul Pompeia surpreende positivamente pela qualidade de seus textos. "Vaidades" reúne as seguintes prosas poéticas: "Vozes da vida", "A arte", "Mefistófeles", "História de amor", "Revoluções", "Esperança", "Veritas", "Deserto" e "Hamlet".

Pérola extraída do livro "A alma encantadora das ruas", a crônica "Como se ouve a missa do galo", de João do Rio, coloca sob os holofotes a religiosidade dos cidadãos do Rio de Janeiro daquele tempo, seu comportamento nas cerimônias, preocupados que viviam sobretudo com os entornos festeiros dos eventos, paqueras e conquistas, muito mais do que com os aspectos religiosos propriamente ditos.

A pouco conhecida prosa poética de Raul Pompeia surpreende positivamente pela qualidade de seus textos. "O ventre" reúne as seguintes prosas poéticas: "O mar", "12 de abril", "A floresta", "Os animais", "Os minerais", "Indústria", "Comércio", "O ventre" e "A noite".

"A cara escorrendo suor. Os pobres surgiam do armazém como flechas, como flechas voltavam." Com a característica minúcia descritiva de sua escrita, João do Rio traz na crônica "Os trabalhadores da estiva", extraída do livro "A alma encantadora das ruas", mais uma denúncia social, dessa vez centrada nos homens que trabalham no porto, carregando e descarregando navios, à beira da condição de escravos.

Um narrador presente na cena da crônica permite ao leitor uma visão vívida da balbúrdia de um dia de visitas aos presidiários na virada do século XIX pera o XX. A descrição impressiona pela crueza e força: "os corpos, corpos de mulheres, frágeis corpos de crianças, corpos musculosos de homens, uma só vontade – forçar a entrada". Um texto clássico de João do Rio.

Eis um conto polêmico de João do Rio. O enredo tem por cenário uma pesquisa em andamento dentro de uma prisão, sobre crimes de amor. O narrador sugere que as mulheres, vítimas da violência de seus maridos ciumentos, são as responsáveis por corromper suas vidas.

Contemporânea, esta crônica de João do Rio retrata com crueza a realidade de uma cadeia. O narrador passeia pala galeria superior que dá título ao texto, trazendo retratos da violência e da injustiça do sistema, compondo assim críticas contundentes ao modelo prisional brasileiro, à polícia e à própria sociedade.

"O Corvo" é sem dúvida um dos contos mais famosos e perturbadores de Edgar Allan Poe. A história começa em uma noite sombria e tempestuosa, quando um homem solitário, mergulhado em tristeza e saudade, é visitado por um corvo misterioso. Atormentado pela perda de sua amada Leonora, ele começa a conversar com o pássaro, que sempre responde com a mesma frase: "Nunca mais". Essa repetição atormenta ainda mais o homem, evocando sua tristeza e despertando suas piores emoções. Este livro conta ainda com outros dois poemas consagrados de Poe: "Annabel Lee" e "Ulalume".

"Há mendigas burguesas, mendigas mães de família, alugadas, dirigidas por caftens, cegas que veem admiravelmente bem, chaguentas lépidas, cartomantes ambulantes, vagabundas, e uma série de mulheres perdidas cuja estrela escureceu na mais aflitiva desgraça" – eis o tom desta crônica sensível de João do Rio, onde o narrador faz uma reflexão profunda sobre a condição das mulheres das ruas do Rio de Janeiro na virada do século XIX para o século XX.

Extraída da obra "A alma encantadora das ruas" a crônica "As mariposas do luxo" explora os desejos de mulheres simples, que não têm dinheiro para ostentar luxos, ao observar os produtos expostos nas vitrines da rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro. É a crueza obscura da sociedade explorada com brilhantismo por João do Rio: "A rua não lhes apresenta só o amor, o namoro, o desvio... Apresenta-lhes o luxo. E cada montra é a hipnose e cada rayon de modas é o foco em torno do qual reviravolteiam e anseiam as pobres mariposas".

Um conto sombrio que transporta os leitores para um mundo devastado por uma epidemia, onde a morte é iminente. A história se passa em um reino medieval, governado pelo Príncipe Próspero, um homem excêntrico que decide se isolar em seu castelo para escapar da peste. Ele organiza um baile de máscaras luxuoso, onde os convidados podem se divertir e esquecer por um breve momento a ameaça do mundo exterior. Enquanto a festa atinge seu auge, uma figura misteriosa aparece entre os convidados, trajando uma roupa avermelhada e uma máscara que lembrava os traços de um cadáver, causando espanto e medo.

"O melhor de tudo é não julgar ninguém para não vir a ser julgado." O leitor há de perceber a contemporaneidade do conto "Suje-se gordo", de Machado de Assis, que tem por enredo o julgamento de um ladrão cujo montante de dinheiro roubado era pequeno, peculiaridade esta que causa indignação a Lopes, um dos jurados.

No conto "Três consequências", assim o narrador genial de Machado de Assis introduz a protagonista, a viúva Mariana: "Não me peçam grandes notícias do finado Vaz; ou, se insistem por elas, ponham os olhos na viúva." O enredo, que prende o leitor, dá conta da mudança da personagem do campo para a cidade e suas consequências. Já em "Três tesouros perdidos", a temática segue outra direção: o adultério – das poucas narrativas machadianas em que este se consuma.